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Mostrando postagens de 2018

Já é Natal na Leader, já é hora?

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Já fui inimigo mortal do jingle "Já é Natal na Leader já é hora". Faz tempo. Não me perguntem porque. Afinal é só mais uma daquelas centenas de músicas natalinas que passaram por minha vida. Vida. Talvez seja isso. Ao longo dos anos nem percebemos a passagem do tempo e em dado momento bate aquela consciência de que ele já não está tanto do nosso lado. Não tenho certeza se, aos 75 anos, Mick Jagger e cia gravariam "Time Is On My Side", registrada em 1964, quando eles tinham pouco mais de 20. Já disseram que os festejos do final do ano são para enganar nossos sentidos mais íntimos de solidão e impermanência. Não concordo nem discordo. Mas sei que psicólogos, filósofos e mestres de auto-ajuda tem de mostrar serviço não é mesmo? E tem a questão do balanço - ainda que inconsciente - do ano que se vai e das expectativas ou planos sobre o que virá. Um conhecido especialista na área certa vez me afirmou que estar com amigos, familiares e comunidade nas confraterniz

No aniversário de 70 anos, o sucesso e as difíceis lutas de Olivia Newton-John

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Ontem, 26 de setembro, a cantora britânica - radicada na Austrália - Olivia Newton-John completou 70 anos. Apesar de ser conhecida parcialmente pelos meus 17 leitores é de se perguntar se uma cantora de apenas relativo sucesso temporário no Brasil nos 70 e 80 merece um texto comemorativo de suas sete décadas de vida. Merece sim e vocês vão concordar quando eu contar resumidamente sua história. Neta de um Premio Nobel de Física alemão, Olivia nasceu com força e determinação, características que a iriam ajudar em sua carreira que começou como atriz e cantora adolescente lá nos anos 60 na Austrália, para onde seus pais haviam se mudado. Vislumbrando que para seguir seu propósito precisaria voltar para a Inglaterra, fez isso nos início dos anos 70, quando gravou suas primeiras canções. Ficaria restrita à Inglaterra não fosse o seu primeiro grande feito: conquistou logo de cara, em 1973, o grande mercado americano que era muito fechado à artistas ingleses que não fossem bandas de roc

O ABBA e os Bullyings

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Início de uma noite fria de sexta-feira. Uma garoa fina cai lentamente. Me preparo para começar a assistir "Anthology", série que estou revendo e que conta, em aproximadamente 32 horas de gravações, a trajetória do maior grupo musical da história, The Beatles. Um cálice de vinho rosé do lado faz a temperatura ficar aconchegante. Antes dou uma olhada na Netflix e me aparece como o opção o filme "Mamma Mia!" de 2008, adaptação para o cinema da peça musical homônima, com elenco estelar capitaneado por nada menos que Meryl Streep. Excelente opção do tipo "vale a pena ver de novo", sobretudo por conta do recente lançamento de "Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo" ("Here We Go Again", trecho da mesma música), que comemora dez anos do primeiro filme. Sem que eu me desse conta já estava em frente ao notebook. Me lembrei de histórias relacionada ao ABBA, lá em fins da década de 70. Já naqueles velhos e saudosos tempos, ainda b

Uma crônica sem objetivo em um sábado frio e chuvoso

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Acordei muito cedo para um sábado de inverno frio e chuvoso. Ficar na cama, debaixo do cobertor até às 10 h parece ser a melhor opção em um início de fim de semana assim. No entanto são 06:30 h e já estou acordado desde às 05:40 h. Ao longo de 25 anos acordei diariamente para trabalhar antes das 5 e dias como este eram os mais difíceis. Acho que isso ficou registrado. Depois de quase um mês de estação seca e ensolarada a virada do clima, ao invés de me prender na cama, me agitou a memória. Silenciosamente, para não acordar a casa, vim para o mini-escritório que fica na sala ampla. Antes de sentar em frente ao notebook para deixar fluir livremente os pensamentos dei uma olhada na rua pela janela gradeada. Ali uma orquídea solitária comemora o clima. Tento ver a grande torre da igreja do Convento dos Padres Redentoristas que fica exatamente em frente, mas minha palmeira de estimação cresceu muito e no momento obstrui qualquer visão. Falei do belo convento mas o nome agora mudou para

Olha pro céu!

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Na serra tenho saudades do mar. No mar, saudades da serra. Se chove sinto falta do sol. Muito sol, saudades do frio e da chuva. Algum poeta deve ter escrito isso. Ou deveria pois não sou poeta. Dia 11 de julho, região Sudeste. Não é comum registrarmos menos de 16º C, mesmo no Inverno. Ao acordar, por volta das 06:30 h, ouvi a chuva e senti o frio cortante. Na verdade não senti. Imaginei. Ou, melhor ainda, me lembrei das intermináveis madrugadas no trabalho. No início, lá pelos anos 80, solitárias noites viradas à 90 km da costa, um oceano escuro de onde vinha um vento gelado, estruturas de ferro à minha volta, luzes amarelas e vermelhas indicando o caminho de fuga em caso de emergência. Nas minhas emoções a urgência era sair dali em direção ao aconchego do lar, por mais heroicas e gratificantes fossem as atividades em alto mar naquele tempo. Anos depois as madrugadas frias eram marcadas pelo acordar às 4:30 h, sair do acolhimento para o escuro chuvoso de ruas ainda desertas.

Roberto Carlos em Ritmo de Vanguarda

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Roberto Carlos: de um lado Chico Buarque e do outro Geraldo Vandré (que na época lembrava fisicamente um pouco o Jerry Adriani). Foto de 1966. Em um dos grupos de WhatsApp que participo (hoje quase todos estão em grupos de redes sociais, meio de comunicação marca desses tempos), sobre Artes & Histórias, houve uma discussão interessante sobre o Roberto Carlos. Em época de tantas crises, discutir importância do "rei" parece ser coisa um tanto quanto fora de sincronia. Mas é justamente isso que nos faz conseguir atravessar esses dias caóticos e inseguros. Como já disse Friedrich Nietzsche, "a arte existe para que a verdade (realidade) não nos destrua". Então, como um pouco de abrigo da realidade lá fora mas não fugindo dela, eis-me aqui falando do Roberto. Não participei da discussão citada. Fiquei só lendo os posts de três ou quatro amigos. Meu silêncio foi porque estava ocupado com outra coisa e porque minha opinião era de concordância com todos os ponto

Despedidas

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Na semana passada eu estava chegando em casa de carro quando passei pelo Seu Francisco. Ele me acenou, com um sorriso. Figura simples e gentil. Atencioso, sempre disposto a uma boa conversa, onde contava as longas histórias de sua vida, muito interessantes. Estatura baixa, poucos cabelos brancos, voz pausada e suave, olhar intenso e casos curiosos pra contar. Era um avô que todos gostariam de ter. Precisava bater um agradável papo com ele, eu me cobrava. Quase não tinha tempo antes mas agora, aposentado, não tinha desculpa. Dias, semanas, meses se passaram e eu só no adeusinho enquanto o automóvel seguia seu rumo e ele acompanhando a trajetória. Abri o portão automático da garagem, entrei com o carro e aquele pensamento de ir falar com ele naquele instante se esmaeceu. Atendi o celular, subi a escada, atravessei a porta. No dia seguinte chega a notícia: Seu Francisco morrera naquela noite. Um enfarte agudo o levou. Além do triste golpe, algo a mais a pesar sobre meus ombros: a

O reencontro da turma

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1 Só depois vieram saber disso, mas todos receberam no mesmo dia e horário a mensagem pelo WhatsApp, com aquele aviso do aplicativo: "o remetente não faz parte de sua lista de contatos, deseja bloquea-lo?". Ninguém bloqueou pois a nota era clara: "Olá meu amigo(a), sou a Bia, da Enfermagem. Quanto tempo... Precisamos nos ver!" Como esquecer de Bia, Beatriz, figura agregadora do curso superior de Enfermagem da UFRJ? A mais querida, aquela figura da turma que é unanimidade, que resolvia conflitos, organizava os eventos. Uma liderança natural, simpatia em pessoa, com um carisma que conquistava não só os colegas de classe como também o corpo docente e até os graus mais altos da Universidade. Antes dela a turma de Enfermagem tinha pouca voz ativa no Campus, com ela tudo mudou. Mas não era daquele estilo UNE, de liderança política. Conseguia as coisas com seu olhar e suas palavras doces. Pequenina no porte físico mas grande em sua capacidade de alegrar o ambiente

Chico Buarque e o Dia da Mulher

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Dois homens entram conversando no elevador. "Não admito que minha mulher sequer pense em olhar para outro sujeito! Sou melhor que qualquer um!" Para além do ciúme, um tanto quanto machista e controlador esse comentário, convenhamos. O outro retruca: "Mas e se esse outro for o Chico Buarque?" O olhar desanimador do primeiro já indica a sua derrota. "É... com o Chico não dá pra competir, né?" Não dá não camarada. Certa vez, em um café em Paris, próximo de seu apartamento (sim, além de tudo ele ainda tem apartamento em Paris), o repórter faz uma pergunta direta, no x da questão: "Chico, e o seu sucesso com as mulheres? Todos sabemos de sua fama de conquistador...". Chico ri. Segundo ele, tudo isso é mito: "Sou um cara bem devagar nesse aspecto". Foi correto. Esse tipo de coisa não se comenta, é jogar contra. Quietude nessa hora. Chico não entende a alma feminina. Nenhum homem entende. Mas ele tenta entender. É sim apaixonado p

Minha vida e o pato

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Não, não é sobre o pato amarelo da FIESP. É outra tragicomédia real. Até os 12 anos, aproximadamente, morei na região que era chamada Zona Rural do Rio. Sim, existia. Com vacas e bois eventualmente passando na rua de barro com esgoto à céu aberto. Não existe mais como era. Hoje chama-se Zona Oeste. Área norte, imagino eu, pois a sul é a Barra. Casa simples mas com quintal grande, árvores frutíferas, galinheiro e chiqueiro. Em frente à minha casa tinha um imenso sítio "sem dono", tudo aberto, com riacho, campo de futebol de várzea, pés de goiaba, araçá (que é uma mini-goiaba), manga, jamelão. Criávamos também patos e patas (brevemente entenderão por que faço essa distinção), com um pequeno laguinho de cimento que meu pai fez. No entanto era pequeno e eventualmente eu era incumbido de leva-los para nadar no riacho. Dentre os patos havia o "todo-poderoso", grande, top de linha. O chefão da tribo. Não sei se hoje em dia os patos são assim, mas lá em casa era. E

Tales From Topographic Oceans

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Final dos anos 1990. Eu editava o jornal Metamúsica faziam cinco anos. Exigente comigo mesmo que sou, buscava sempre abordar temas cada vez mais complexos relativos à música. Neste caminho achei que seria uma ótima ideia escrever sobre um dos discos mais intricados da história, seja pela temática seja pela construção musical. Escrevi a resenha. Reli e não gostei. Me surpreendi com a minha incapacidade de retratar o que deveria ser retratado. Percebi que precisava de ajuda. Mas quem poderia me auxiliar? Coincidência (ou não?) nesta época eu já conhecia o Prof. Wagner Borges , fundador do IPPB, Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas , de São Paulo. Sabia que era amante de boa música e fã da banda em questão. Em um contato que tivemos na época ele abordou exatamente esse disco! Contei-lhe do meu "beco sem saída" relativo à obra. Ele apenas me disse: "meu querido amigo, fique tranquilo, me dê um tempo que eu escrevo pra você"! O resultado foi