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Mostrando postagens de março, 2017

Incidente na Praia da Joana

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A experiência de fotografar pode gerar algumas surpresas, como de resto qualquer atividade humana. Esta semana estávamos em uma praia semi-deserta, chamada Joana, registrando algumas imagens outonais de final de tarde. Nesta época do ano a luminosidade vespertina mostra-se ideal, impondo imagens serenas, independente da ansiedade do que está ao redor ou de quem está fotografando. Não era o caso daquele momento: a praia calma, o verde em frente ao mar (da Unidade de Proteção Ambiental) e a proximidade da hora do sol se esconder por trás das montanhas ao longe, proporcionavam apenas  isso, paz. Eu não havia levado a minha velha Nikon, tampouco minha filha sua Canon, ela já uma profissional da imagem. Fomos olhar o mar e eventualmente registrar algumas visões com o celular mesmo. Como apenas meu filho se animou a entrar na água, ficamos por ali, sentados, olhando as águas, sob uma provavelmente centenária amendoeira que se equilibrava - mostrando as raízes - em um desnível no terre

Mais um Outono: A Estação da Alma

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Certa vez Carlos Drummond de Andrade "conversou" com uma amendoeira na manhã do primeiro dia de outono: " (...) Os homens, não. Em ti, por exemplo, o outono é manifesto e exclusivo. Acho-te bem outonal, meu filho, e teu trabalho é exatamente o que os autores chamam de outonada: são frutos colhidos numa hora da vida que já não é clara, mas ainda não se dilui em treva. Repara que o outono é mais estação da alma que da natureza. " Em "Fala, Amendoeira", 1957. Nesta manhã eu não conversei com uma amendoeira  - e estou a milhares de anos-luz da capacidade de escrita do Drummond, seja ao descrever o início da estação ou sobre qualquer outro tema - mas foi uma das poucas vezes que senti de maneira forte a chegada do outono. Segundo informações meteorológicas ele iniciaria às 07:29 h. Não sei como eles conseguem esse grau de precisão, mas acreditemos no fato. Por volta das 07:20 h entrei no automóvel e percorri um caminho já rotineiro, por entre ruas arbor

Dos livros de bolso de Estefania às leituras de verão

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Estefânia é um bonito nome feminino, raro. Já Estefanía é um sobrenome espanhol. Com certeza poucos leitores conhecerão alguém assim batizado. Eu já, por causa do Marcial Lafuente Estafanía. Ficaram na mesma? Pouco dinheiro na mão costuma ser a tônica dominante de ávidos leitores adolescentes dos subúrbios. Era o meu caso, lá pelos anos 70. Mas havia uma escapatória: os estabelecimentos que vendiam livros usados, conhecidos como "sebos". Sobretudo livros usados que já eram baratos quando novos, nas bancas de jornal. Era o caso dos "livros de bolso" ( Pulp Fiction ) de faroeste. Esses tinham um mestre: o escritor madrilenho citado acima, que publicava como M.L. Estefania. Escreveu quase três mil dessas histórias, até falecer em 1984, aos 81 anos. Mas nem só de faroeste eu sobrevivia, pois havia séries de espionagem, policiais, ficção científica, romance e até eróticas e de terror (ou tudo isso junto...). Um sucesso na época foi a série "Giselle Montfort, a