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Mostrando postagens de 2017

A Nostalgia e a Morte de Luiz Carlos Maciel

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Já passa de 1 h da manhã. O domingo avança pela madrugada. A TV está ligada no canal Arte 1, o volume está baixo mas dá pra ouvir o piano que toca no documentário contando a biografia de Frédéric Chopin. Todos dormem e meus olhos já ardem de sono. Uma última olhada no celular e vejo a notícia da morte de Luiz Carlos Maciel. Um aperto no peito, sentimento de perda, nostalgia: um dos caras que mais admirei nas minhas leituras de juventude. Tempo, tempo, tempo... Ele estava com 79 anos. Me lembrei que havia escrito algo sobre ele no Blog do Felipe Muniz. Demorei mas encontrei. Sem mais comentários sentimentais reproduzo a seguir. Boa viagem LCM. Nostalgia, segundo o Luiz Carlos Maciel (originalmente publicado no verão de 2011 no Blog do Felipe Muniz) O domingo amanheceu ensolarado. Belo dia. Para quem gostar e tiver oportunidade, um bom dia para tomar um banho de mar (ou “banho de bar”). Desde que a praia não esteja tão lotada nem poluída. Piscina pode ser também uma boa opçã

Meus 15 minutos de fama

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Houve um tempo, mais ou menos distante, em que fui famoso. Mas não fiz fortuna. Acreditem. Nem era fama instantânea, como agora, em tempos de Internet. E nada parecido com Brad Pitt, Paulo Coelho ou Kim Jong-un. Ok, isso é uma piada. Até porque meus possíveis fãs se restringiam aos adeptos de um estilo musical que provavelmente 110% dos meus 17 leitores desconhecem solenemente: Rock Progressivo. Não se sintam menos importantes por isso. Se não conhecem é porque estão dentro da normalidade. O fato é que - mesmo não sendo da área - editei uma publicação ao longo de cinco anos, cujo ênfase era a análise e divulgação desses sons criados por músicos geniais. Resumidamente, Rock Progressivo é rock com elementos de Música Clássica, Jazz, Folk, etc. O auge do movimento foram os anos 70 mas ainda hoje (e sempre) existe uma farta produção independente em todos os cantos do mundo. Para isso exige-se do músico "pouca coisa": capacidade técnica, criatividade, emoção, dedicação... N

A garota do Banco e a minha suposta velhice ou: "Muito velho para o Rock and Roll, muito jovem para morrer"!

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Hoje pela manhã precisei ir à agência bancária. Meu filho foi comigo. Passamos antes no barbeiro e de lá seguimos. Ele precisava também atualizar o número do seu Smartphone para poder movimentar sua Conta Universitário. Na entrada do banco, antes de passarmos por aquela roleta detectora de metal, há uma máquina emissora de senhas de atendimento. Ali fica uma atendente operando a tal maquininha. Imagino que deve existir pessoas com dificuldade no "relacionamento digital" (não falo aqui de sentimentos expostos via internet), pois a máquina é amigável, de operação fácil. É introduzir (com cuidado) o cartão e escolher as opções que vão aparecendo. Mas, já que a moça estava lá, então não vou fazer desfeita e responder as perguntas dela. - " Bom dia! Introduza na abertura por favor! ", disse-me a simpática funcionária, referindo-se obviamente ao cartão do banco. Fiz o que ela mandou e aguardei ansioso novas instruções que seguiria sem pestanejar. - " O que

Em tempos de crise, música que acalma e traz saúde

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Provavelmente devido à "características de DNA", sou extremamente ligado à música. Esteja trabalhando, no carro, fazendo alguma tarefa em casa, lendo, escrevendo, é fato que - se for possível - haverá sons melódicos e harmônicos ao meu redor. Nem todos são assim, óbvio. Há também quem não goste de ler, assistir filmes, ver o por do sol, admirar plantas, cuidar de animais, tirar fotografias (não estou falando de selfies com o celular). Enfim a gama de gostos e desgotos é à la carte : cada cliente da vida tem seu próprio ranqueamento de interesses, de como usar seu tempo livre e seu tempo "preso", de acordo com as oportunidades. Assim, se abordo aqui músicas de diversos gêneros - Jazz, Blues, Rock, MPB, Pop, Erudito - tal tema vai interessar apenas a uma parte dos prováveis leitores. O mesmo se for comentar sobre os outros itens que citei (livros, filmes, fotografia, etc). Pensando nisso, refleti se seria possível falar de música de uma forma que despertasse a

O dia comum e o grupo no WhatsApp

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Todo dia pela manhã abro o WhatsApp (aquela rede social) daquele grupo e tem vários "Bom Dia". Alguns com mensagens com votos de felicidade e dicas do bem viver. Hoje nem abri. É a mesma coisa dita de forma diferente, repetida. Deixo o celular de lado, vou levantar pra tomar café com leite, aipim, batata doce e queijo branco. Tenho me esforçado para abandonar meu caso de amor eterno com o pão francês. Farinha branca, meu pirão por último. Coisas de saúde versus idade. Quase sempre encontro com velhos amigos - não amigos velhos - reclamando de índices glicêmicos, taxas de colesterol e triglicerídeos, balanças desreguladas... Melhor fazer logo um sacrifício e entrar no arroz integral e assemelhados. Dizem que depois a gente acostuma. Tem que acostumar. Minha genética tem me ajudado até aqui, mas desconfio que ela já chegou no seu limite, preciso agora fazer a minha parte. Mas e aquele grupo? Nem olhei. O joelho nesta manhã dá leves sinais de reclamação, desconfio que o

Impressões sobre a música e seus poderes

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Nunca entendi porque algumas pessoas gostam tanto de música e outros não dão a mínima. Ok, é apenas mais um item da singularidade entre os seres humanos. Acredito que na natureza (fora a humana) existe um consenso maior.  No mundo animal (irracional ou nem tanto), por exemplo, a música - ou sons organizados em uma forma - é unanimidade por um motivo simples: sexo! Qualquer tipo de acasalamento que já ouvi falar leva em consideração a arte da conquista, ainda que instintivamente. Neste caso, além de sinais visuais são emitidos cantos, muitas vezes complementados por danças ou movimentos bem específicos. Sem dúvida um ótimo motivo para os animais criarem sua própria forma musical, de acordo com a espécie. E com o mundo vegetal? Experiências tem sido feitas com viníferas submetidas à música de alto nível para se conseguir colheitas de caráter superior, gerando vinhos soberbos. Coincidência que o vinho seja considerado a mais sensual das bebidas. Nesse aspecto, também no u

O Edifício Soturno e a Nossa Vida

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Faz muito tempo. Quando criança, caminhava pelas ruas simples do meu bairro do subúrbio. Neste caminhar gostava de olhar com curiosidade para as casas e seus quintais. Nos tempos adultos tal hábito se perdeu e nem sei mais porque tinha aquela curiosidade. Preso em escritório no dia a dia de labuta e me deslocando quase exclusivamente de carro não existe inocente costume juvenil que sobreviva. Observando detalhes nas ruas Com a recente aposentadoria, começo a perceber que fatos, emoções, hábitos até então soterrados por compromissos, preocupações, pressões diárias, começam a voltar à tona. Existindo a propriedade do próprio tempo - ainda que parcialmente - descobre-se que andamos nos últimos anos e décadas sendo apenas parte de uma engrenagem, pouco exercendo a grata satisfação de apenas "ser". Tais divagações são apenas tentativas de explicar um fato aparentemente corriqueiro. Estava no Rio passando uns dias. De manhã, após o café, resolvi dar uma v

Sobre orgasmos (sim, é esse o título)

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Não é privilégio meu: todos andam reclamando da "velocidade do tempo". Duas medidas diferentes em uma só. Que, afinal, sempre andaram juntas. Fato: não temos tempo de fazer tudo que precisamos ou gostaríamos. Das obrigações ao prazer as coisas andam com os dias - ou os minutos - contados, cronometrados. Quem aí não poderia enumerar uma série de demandas que aguardam na fila para serem concluídas? Um leve exemplo: ler e escrever estão entre as minhas prioridades não realizadas à contento. Fica então aquela série de volumes (ainda não aderi ao Kindle) na estante, aguardando pacientemente sua hora. Pior são as idéias para um texto: surgem prontas na minha mente e desaparecem com a mesma facilidade porque naquele momento não dava para escrever. Um pseudo escritor de ideias não realizadas, eis aqui quem vos fala neste momento. Existem umas estratégias que ando aprendendo no caso da leitura e da criação: apostar em textos curtos, sintéticos. Não como opção literária, mas com

A feira da roça e outras amenidades

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A feirinha da roça na cidade Com o passar do tempo noto que alguns temas tem sido recorrentes nestes meus simples e simplificados escritos. Um deles é o que iniciou este arremedo de crônica: o passar do tempo. Mas não só este assunto. Outro é uma certa briga interna entre um coração essencialmente urbano - de asfalto, prédios, multidões - e uma necessidade cada vez maior das areias de uma praia deserta ou de uma trilha por entre o verde, à sombra da mata. Mar, árvores, céu azul, nuvens, silenciosa cantiga das ondas e dos pássaros. Mas o coração urbano ainda canta suas belas canções, mesmo que para lembrar do interior e da velha infância. Ou de coisas e lugares que não conheci ou não me recordava. Toda semana, não muito longe de minha casa (na cidade) ocorre, na calçada de uma praça, a "feirinha da roça". Na última terça-feira lá estive com a incumbência de comprar aipim e batata-doce. E o que mais achasse interessante. Seria normal estar em uma praia deserta  e

Devaneios e lembranças de um coração urbano musical (1)

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Minha paixão por música é pública e notória. Filmes e livros sempre me seduziram mas a música está em primeiro. Não é à toa que costumo ler com um fundo musical e, nos filmes que assisto, presto atenção além do que deveria na trilha sonora, por mais minimalista que seja. Se costumo emprestar livros e indicar filmes, na música fui além, buscando dividir a paixão: eu gravava fitas cassete para os amigos. Isso lá pelo início dos anos 1980. Nos anos 70 gravavam para mim. Quando consegui comprar meu primeiro "3 em 1" (toca-discos, toca-fitas e rádio) não tinha dúvidas que deveria ter aquilo como missão. Eu selecionava as músicas e registrava naquelas fitinhas as melhores que tinha nos ainda poucos discos da coleção. Havia uma estratégia: como não possuía tudo que desejava, ficava ligado nas melhores rádios FMs com as teclas Rec e Pause do gravador apertadas. Quando tocava a música que estava querendo soltava o Pause e aí conseguia capturar a música. Que alegria!

Incidente na Praia da Joana

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A experiência de fotografar pode gerar algumas surpresas, como de resto qualquer atividade humana. Esta semana estávamos em uma praia semi-deserta, chamada Joana, registrando algumas imagens outonais de final de tarde. Nesta época do ano a luminosidade vespertina mostra-se ideal, impondo imagens serenas, independente da ansiedade do que está ao redor ou de quem está fotografando. Não era o caso daquele momento: a praia calma, o verde em frente ao mar (da Unidade de Proteção Ambiental) e a proximidade da hora do sol se esconder por trás das montanhas ao longe, proporcionavam apenas  isso, paz. Eu não havia levado a minha velha Nikon, tampouco minha filha sua Canon, ela já uma profissional da imagem. Fomos olhar o mar e eventualmente registrar algumas visões com o celular mesmo. Como apenas meu filho se animou a entrar na água, ficamos por ali, sentados, olhando as águas, sob uma provavelmente centenária amendoeira que se equilibrava - mostrando as raízes - em um desnível no terre