O Calendário da Pirelli e a Nostalgia de Fim de Ano
Décadas de 1970 e 1980. O carburador do Fiat 147 Rally branco (meu primeiro carro) dava problema. Platinado, velas... O sujeito ia naquela oficina do bairro resolver a questão. Na oficina, cheiro de graxa, nas paredes, graxa. O Voyage (meu segundo carro) furava o pneu. Terceira vez no mês. Vamos lá na borracharia do bairro. Na borracharia, cheiro de borracha. Nas paredes, graxa. Nos dois casos, coisas em comum: escurecimento das paredes pelo gás carbônico e um local que era um oásis: pendurado na parede, em destaque, tamanho grande, limpinho, o calendário anual da Pirelli, com suas beldades devidamente despidas em fotos artísticas registradas pelos mais feras de cada época. O tempo passou, os automóveis agora frequentam as assépticas oficinas das concessionárias e os pneus quase não furam mais. Oficinas de bairro e borracharias sobrevivem graças aos carros mais antigos, mesmo assim tornam-se cada vez mais raras. E, entrando na onda do politicamente correto, não exibem mai